Nove dias depois do desaparecimento de Juan de Moraes, de 11 anos, agentes da corregedoria da Polícia Militar em conjunto com homens do 20ºBPM (Mesquita) iniciaram ontem as buscas pelo corpo do menino, visto pela última vez na noite do dia 20. Ele teria sido morto durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes da comunidade de Danon, em Nova Iguaçu.
As buscas começaram depois que a mãe de Juan, Rosinéia Maria de Moraes, de 31 anos, entregou uma calça que o menino usou no dia em que sumiu. Vinte homens com a ajuda de três cães farejadores da CIPM (Companhia Independente de Cães da Polícia Militar), participaram da operação. O grupo percorreu cerca de 10 quilômetros em um matagal no alto do morro da comunidade. No local, em meio a restos de uma fogueira, a perícia encontrou cabelo, aparentemente humano. O material foi levado para análise no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). As buscas foram suspensas no final da tarde e serão retomadas hoje. De acordo com o corregedor da Polícia Militar, coronel Ronaldo Menezes, o local, que fica próximo a uma cachoeira foi apontado pelo disque-denúncia como sendo onde supostamente o corpo teria sido enterrado. “Recebemos informações de que o corpo foi levado para dentro da mata, porém, como é uma área muito grande vamos continuar a operação de busca pelos próximos três dias. É possível que o corpo já esteja em estado de putrefação, o que dificulta ainda mais as buscas”, disse o corregedor. Segundo a PM, os cães utilizados na operação de ontem, duas fêmeas e um macho, da raça Pastor Holandês, possuem juntos mais de seis anos de corporação. Os animais são especializados em faro de cadáveres humanos e drogas. Durante as buscas de ontem policiais que estiveram no local interceptaram conversas através de um rádio transmissor da Polícia Militar flagrando supostos traficantes da região anunciando a presença da polícia no morro. “Esse diálogos são um forte indicio de que o local possui movimentação de traficantes. Durante todo tempo em que estivemos aqui ficamos sob observação aparente do narcotráfico dessa região”, afirmou o tenente coronel da PM, Roberto Garcia. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, classificou como especulação a possibilidade de policiais estarem envolvidos no desaparecimento de Juan. “Nada comprova o envolvimento dos policiais na morte do menino. É preciso aguardar a conclusão de toda perícia para se ter certeza do que realmente ocorreu naquele dia”, afirmou Beltrame. Mãe participa de reuniãocom deputados na AlerjEnquanto o grupo buscava a localização do menino, a mãe participava de uma reunião com membros da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e representantes do Programa de Proteção de Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte. Ela e o irmão de Juan, Weslley de Moraes, 14 anos, única testemunha do caso, serão incluídos ao sistema de proteção. O Disque Denúncia (2253-1177) está lançando cartaz com uma fotografia de Juan Até ontem foram registradas seis denúncias sobre o fato. Na última terça-feira (29) técnicos do ICCE e policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada (DHBF), responsável pelas investigações, realizaram uma perícia no beco onde Juan e seu irmão foram sido baleados. Os peritos encontraram respingos de sangue na parede, terra com sangue, cinco cápsulas deflagradas de fuzil 762 – calibre usado pela PM -, um espelho e um pedaço de papel também com sangue. Próximo ao local, já dentro da comunidade, os técnicos localizaram ainda a sandália lilás que a mãe de Juan reconheceu como sendo a que o filho usava na noite em que desapareceu. Maus tratos preocupamdeputado Luis Martins O líder do PDT na Assembleia Legislativa, deputado Luiz Martins, manifestou preocupação com a situação dos jovens Wanderson dos Santos de Assis, de 19 anos, Weslley Felipe de Moraes, de 14 anos, e o irmão desde último, Juan Moraes, que foi vítima de agressão na comunidade Danon, em Nova Iguaçu. O caso está sendo investigado pelo 20º BPM.Os acusados seriam PMs lotados no Comando de Ação Tática da Polícia Militar. Juan está sumido e teria sido morto, mas até agora não há confirmação da sua eliminação, enquanto Weslley Felipe de Moraes e Wanderson dos Santos de Assis foram medicados no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, sendo que Weslley ficou internado, devido a gravidade dos ferimentos recebidos.Weslley e Wanderson que, embora internados no hospital e em custódia, estavam algemados, mas o deputado Luiz Martins, que também faz parte da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, em comum acordo com os demais membros da comissão, determinou que tirassem as algemas dos rapazes. O líder do PDT, Luiz Martins, que estava acompanhado do deputado Jânio de Freitas, também do PDT, e de um parlamentar do PSOL, frisou que o caso exige uma atenção maior do governador Sérgio Cabral, pois não se explica o comportamento de alguns setores da polícia, quando o Governo declara-se preocupado com a situação de risco dos menores carentes e dependentes.Citando matéria publicada no JORNAL DE HOJE, o deputado Luiz Martins declarou que o Governo precisa acompanhar o que está acontecendo na Baixada Fluminense, pois nem todas as pessoas que são presas em locais, considerados estranhos, são marginais. É preciso levar em consideração a situação de cada um, pois na Baixada moram trabalhadores que precisam do Governo e não do cassetete ou balas da polícia.O líder do PDT, deputado Luiz Martins, estranhou o comportamento do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, que ao invés de procurar entender-se com os deputados da sua comissão para tratar da questão de Weslley, Wanderson e Juan, irmão do primeiro e que está desaparecido, preferiu uma pessoa estranha aos quadros da Comissão da Alerj.
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